terça-feira, 8 de dezembro de 2009

#3

Sonhos vívidos demais me emocionam. Me pegam de surpresa, até mesmo porque não sou acostumado a sonhar. Não sei se isso é algum problema, não sei se é algo o qual deveria sentir falta. O fato é que eu raramente sonho, ou se sonho, não lembro o que sonhei.

O pior foi que meus dois últimos sonhos foram na frente de um computador. Conhece alguém que sonha com o que faz na internet? É, talvez eu tenha viciado mesmo nessa merda toda.

Enfim, meus dois últimos sonhos tiveram intervalos menores. O primeiro na sexta, o segundo essa noite. Um intervalo de dois dias. Não sei se devo considerar isso algo bom ou ruim. Afinal, sonhos acrescentam algo na vida de alguém? Não digo o sonho no sentido figurado, aquele objetivo de vida, aquilo o qual almejamos. Eu digo o sonho mesmo, aquela sequência de imagens e sentimentos confusos que temos quando dormimos.

Dane-se, já estou me desviando do assunto. Eu ia contar meu sonho.

Essa noite tive um sonho daqueles que você não consegue distinguir se é o mundo real ou o mundo onírico. Estava eu aqui no meu computador, no MSN, desperdiçando minha vida (haha), quando senti minha vista começar a embaçar. Com o tempo ela foi escurecendo e meu coração foi acelerando. Uma sensação estranha foi crescendo, enchendo o peito, e aquilo era real. Eu podia mesmo sentir que era real.

Eu estava meio que flutuando dentro do meu corpo ou pra fora dele. Eu não conseguia me mexer, e quando tentava, era como se meu corpo estivesse todo dormente. Sabe quando você fica muito tempo com as pernas cruzadas e, ao descruzar, fica aquela sensação estranha de formigamento? Quando eu tentava me movimentar, sentia meu corpo inteiro desse jeito.

Então minha vista clareou um pouco e eu pude me mover sem meu corpo. Era o meu corpo, mas não era ele. Era um espectro dele ou algo do tipo. Ergui minha mão em direção ao monitor e ela atravessou. E eu podia sentir que o outro lado era diferente. Estava atravessando minha realidade através daquilo. Havia outro mundo além, era esse meu pressentimento. Tive a sensação de que eu poderia abandonar minha realidade e ir para aquele outro mundo, algo o qual eu sempre desejei.

Mas na hora eu tive medo. Meu braço já estava totalmente do outro lado e então eu tive medo. Eu olhei para o monitor, minha vista ainda um pouco escura, e pude ver meu amigos conversando, e não queria deixar de fazer parte daquilo. Tive medo de deixar tudo pra trás. De deixar eles para trás. E acordei com esse pensamento.

Não pude acreditar que fiquei com receio de atravessar. Não posso acreditar que me apeguei tanto a esse lado. Espero tanto por mudanças na minha vida e quando elas acontecem, mesmo em sonhos, eu hesito. Não consigo assimilar o fato de que fiquei medo. Mas no final, pude tirar uma lição disso tudo: sou um covarde.

Por mais que eu odeie essa realidade, tenho medo de perder as coisas as quais eu me apeguei nela. Acordei me chamando de covarde. Acordei me chamando de hipócrita. E ri com essa atitude.

Bem, foi um sonho e tanto.

sábado, 28 de novembro de 2009

#2

Não entendo como as coisas funcionam. Não entendo como as pessoas dão tanto valor à vida. É algo tão entediante! Você fica feliz, fica triste, fica feliz, fica triste, fica triste, fica feliz. Tudo se resume a isso. São os pontos altos e baixos pelos quais passamos e os quais não vejo sentido nenhum.

"Vivendo aprendo a amar.
Amando aprendo a sofrer.
Sofrendo aprendo a viver."

Esses versos da música Placenta da banda Reação em Cadeia resume muito bem o que penso da vida. Viver é sofrer, e somos todos masoquistas. Mas não adianta eu dizer isso para as pessoas. Todas olhariam para mim como se eu fosse um aspirante a suicida. E acreditem: já não olham para mim com bons olhos.

Tudo bem, não há propósito em dividir minhas teorias com pessoas que não fazem o mínimo de esforço para se perguntar o porquê vieram ao mundo ou para onde irão. É mais fácil se conformar. Aliás, eu mesmo já me conformei. Vamos todos dar as mãos e viver felizes. Yeah!

Que se foda essa merda toda.

#1

Estou numa fase ruim. Não me refiro a nada em especial. Me refiro a tudo. Me sinto sozinho, confuso, perdido e completamente sem rumo. Sinto como se houvesse entrado num túnel; posso ver a luz no final, mas não sei se esta me confortaria. Minha visão acostumou-se à escuridão ao ponto de a luz chegar a ferir meus olhos.

Então eis que surge o dilema: se a luz há de me ferir, por qual motivo eu deveria continuar caminhando em sua direção?

Há alguns dias eu perdi meu único motivo de continuar a caminhada até o fim do túnel. Uma perda temporária, eu sei, mas o começo do fim. É chegada a hora de confrontar meus medos e minha principal fonte de coragem não está ao meu lado. Estou sozinho nessa e fiz por merecer.

Só queria que ela estivesse aqui. Só queria que ela pudesse me censurar por não estar fazendo algo direito, que pudesse ralhar comigo por deixar a preguiça tomar conta e, no fim disso tudo, dizer que estará sempre ao meu lado para me apoiar. Porque me amava.

O tempo está passando. A hora está chegando. Espero que tudo volte ao normal. Espero fazer com que meus olhos acostumem-se novamente à luz lá fora.