Sonhos vívidos demais me emocionam. Me pegam de surpresa, até mesmo porque não sou acostumado a sonhar. Não sei se isso é algum problema, não sei se é algo o qual deveria sentir falta. O fato é que eu raramente sonho, ou se sonho, não lembro o que sonhei.
O pior foi que meus dois últimos sonhos foram na frente de um computador. Conhece alguém que sonha com o que faz na internet? É, talvez eu tenha viciado mesmo nessa merda toda.
Enfim, meus dois últimos sonhos tiveram intervalos menores. O primeiro na sexta, o segundo essa noite. Um intervalo de dois dias. Não sei se devo considerar isso algo bom ou ruim. Afinal, sonhos acrescentam algo na vida de alguém? Não digo o sonho no sentido figurado, aquele objetivo de vida, aquilo o qual almejamos. Eu digo o sonho mesmo, aquela sequência de imagens e sentimentos confusos que temos quando dormimos.
Dane-se, já estou me desviando do assunto. Eu ia contar meu sonho.
Essa noite tive um sonho daqueles que você não consegue distinguir se é o mundo real ou o mundo onírico. Estava eu aqui no meu computador, no MSN, desperdiçando minha vida (haha), quando senti minha vista começar a embaçar. Com o tempo ela foi escurecendo e meu coração foi acelerando. Uma sensação estranha foi crescendo, enchendo o peito, e aquilo era real. Eu podia mesmo sentir que era real.
Eu estava meio que flutuando dentro do meu corpo ou pra fora dele. Eu não conseguia me mexer, e quando tentava, era como se meu corpo estivesse todo dormente. Sabe quando você fica muito tempo com as pernas cruzadas e, ao descruzar, fica aquela sensação estranha de formigamento? Quando eu tentava me movimentar, sentia meu corpo inteiro desse jeito.
Então minha vista clareou um pouco e eu pude me mover sem meu corpo. Era o meu corpo, mas não era ele. Era um espectro dele ou algo do tipo. Ergui minha mão em direção ao monitor e ela atravessou. E eu podia sentir que o outro lado era diferente. Estava atravessando minha realidade através daquilo. Havia outro mundo além, era esse meu pressentimento. Tive a sensação de que eu poderia abandonar minha realidade e ir para aquele outro mundo, algo o qual eu sempre desejei.
Mas na hora eu tive medo. Meu braço já estava totalmente do outro lado e então eu tive medo. Eu olhei para o monitor, minha vista ainda um pouco escura, e pude ver meu amigos conversando, e não queria deixar de fazer parte daquilo. Tive medo de deixar tudo pra trás. De deixar eles para trás. E acordei com esse pensamento.
Não pude acreditar que fiquei com receio de atravessar. Não posso acreditar que me apeguei tanto a esse lado. Espero tanto por mudanças na minha vida e quando elas acontecem, mesmo em sonhos, eu hesito. Não consigo assimilar o fato de que fiquei medo. Mas no final, pude tirar uma lição disso tudo: sou um covarde.
Por mais que eu odeie essa realidade, tenho medo de perder as coisas as quais eu me apeguei nela. Acordei me chamando de covarde. Acordei me chamando de hipócrita. E ri com essa atitude.
Bem, foi um sonho e tanto.