segunda-feira, 9 de maio de 2011

#8

Sempre que tenho o desgosto de sair de casa para algum lugar público eu procuro um espaço disponível na minha mente para observar o mundo à minha volta. São em momentos como esse que, registrando as atitudes e o comportamento das pessoas, eu me pergunto: por que vivemos? Pelo que vivemos?

Muitas das pessoas que vivem consideravelmente felizes nunca pensaram em nada muito profundo. A maioria se contenta com o fato de que estudar, trabalhar e conseguir dinheiro para suprir suas necessidades materiais até morrer numa idade avançada por causas naturais ao lado da família e amigos é o que justifica e dá sentido à vida.

Não posso dizer que essas pessoas estão certas ou erradas. Afinal, não existe certo ou errado nesse caso. Somos nós que decidimos o que dá ou não sentido às nossas vidas. Mas, por se contentarem com tão pouco, a vida dessas pessoas é feliz. Por eu não me contentar tão facilmente, minha vida é um inferno.

Não me entendam mal. Não é que eu não me contente com nada. Eu só me sinto deslocado no meio disso tudo. Minha existência se resume a uma vida que, ao meu ver, não tem propósito.

Essas pessoas realmente gostam de viver nessa realidade? Elas realmente gostam de acordar cedo e ir à escola ou ao trabalho, conviver com pessoas que não suportam e aceitar os abusos de uma sociedade violenta e hostil? Elas realmente gostam de se esforçar realizando essas tarefas, sabendo que a recompensa – isso quando tal coisa existe – é totalmente insatisfatória?

As pessoas lutam pela felicidade, mas em contraste com todo esse trabalho que elas têm para alcançá-la, esse sentimento é capaz de se sobrepor à toda dor e tristeza que o mundo lhes causa?

Você que está lendo essa postagem. Você é feliz? Plenamente feliz?

Ou é só mais uma existência que, assim como eu, tem consciência da falta de sentido da vida?

quarta-feira, 16 de março de 2011

#7

"Não é o tédio a doença do aborrecimento de nada ter que fazer, mas a doença maior de se sentir que não vale a pena fazer nada."

- Fernando Pessoa

Acho que não existe nada pior com o que lidar do que o tédio. Eventualmente – ou habitualmente, como seria o meu caso – ele nos ataca e, desesperadamente, queremos fazer alguma coisa para expulsá-lo. O difícil é obtermos êxito nessa tarefa. Quando queremos sair, não temos com quem ou pra onde; procuramos nos entreter com outra coisa, mas nada nos prende a atenção.

Quem nunca passou uma adorável tarde de domingo olhando para a janela do MSN esperando algo diferente acontecer? Surgir uma conversa com um assunto interessante, ou alguém ligar convidando para ir a algum lugar, ou olhar para o céu e ver naves alienígenas invadindo a Terra.

Porém, a maior frustração não é não poder fazer aquilo que você gostaria para sair do tédio; frustrante é você estar entediado e não saber o que fazer para o tédio passar. Estamos sempre na expectativa. À espera de alguma novidade.

Sou só eu ou o mundo está perdendo a graça?

Nada mais parece ser interessante. As novidades não são mais novidades. O dia começa e acaba e tudo parece sempre mais do mesmo. Novos filmes são lançados e, por melhor que o filme seja, ao terminar de assistir você fica com aquela sensação de déjà vu. O mesmo acontece com bandas, livros, jogos. Nada parece ser tão atraente quanto era alguns anos atrás. Citando Renato Russo, o futuro não é mais como era antigamente.

No final, só há o tédio. E a incerteza de se um dia ele passará.